8 de ago. de 2015

Mulher Pássaro

Gostava do canto dele, mas abri a porta da gaiola e deixei ele voar. Nem imaginava a sensação de liberdade que isso me traria.


Gosto do canto dos pássaros e por isso bati as asas, em casa não se ouvia mais nada. No caminho encontrei pássaros cantantes, mas nem um soou bem aos meus ouvidos. E quanto mais voava mais me sentia livre!

No caminho encontrei com ele, o pássaro que libertei. Estava tão feliz que nem me reconheceu, respeitei e voltei a voar.
Com as asas cansadas resolvi voltar para casa, era primavera e eu precisava cuidar das minhas flores.
Passei dias tristes, sem cantos, sem músicas, sem poesias, meu outono ficou escuro e até mandei mensagem para o meu pássaro, mas ele não as respondeu.

Então aprendi a cantar! Já que gosto tanto de canto, canto para mim mesma. E aos poucos fui me fazendo feliz. Sozinha? Não! Meu canto atraiu alguns pássaros, mas nunca esqueci o canto daquele pássaro ingrato.
O inverno chegou e em uma tarde de frio escuto ao longe um canto, é o pássaro que eu libertei.
Eu pensava que ele nem lembrava mais de mim, mas ele voltou. Muito machucado, fazia muito frio e suas asas estavam sangrando. Segundo ele foi porque voou demais.

Deixei entrar e cuidei dele. Quando meu pássaro já estava curado e com as asas prontas para voar, me perguntou porque eu cuidara dele já que ele havia se negado a cantar para mim quando pedi.

Eu só poderia responder cantando.
Não guardo mágoas e nem quero que fique, quando te libertei me tornei livre, quando seu silêncio predominou eu aprendi a cantar. Sei ser grata com quem me ajuda!

AlyneSakura
Edição: Renata Orlandi