Contrariando
esse discurso Freyriano em seu livro Casa Grande & Senzala, e de tantos
outros machistas e racistas, em torno da mulher negra surge, em Alagoas, o grupo
de Rap Império Feminino – A dupla Alyne Sakura e Lidyane (Preta Pyll) , que,
atualmente, ocupa o espaço majoritariamente masculino do Rap.
A proposta do
grupo é levar para esse ambiente musical questionamentos sobre a experiência e
a realidade vivida pelas mulheres, em especial, as negras.
O
grupo vem se destacando no cenário do rap alagoano, tornando-se referência
tanto para meninas, quanto para outras mulheres negras, como é o caso da
militante do Movimento Negro Sirlene que diz:
"(...) Fico muito feliz com a visibilidade
e fortalecimento do rap feminino em Alagoas. O cenário do rap em nosso estado
ainda é formado por homens e claro cheio de muito machismo. O Império Feminino
é um grupo que fala a linguagem das mulheres da periferia, combate o
preconceito e o machismo gritante em nosso Estado. Grupos como esse que faz a
discussão de gênero tem todo meu apoio. Inclusive estamos discutindo a
possibilidade de firmamos uma parceria com Império Feminino e o Estilo Feminino
que é um grupo de blak feminino para a realização de uma oficina de com os
alunos de capoeira do Cepa Quilombo. Axé!!!(...)”
Destaca-se
a importância e o aparecimento de grupos com esse perfil, uma vez que nossas
irmãs negras enfrentam cotidianamente um duplo problema: o racismo e o
machismo, no qual foram/são relacionadas a inúmeros estereótipos negativos ao
seu corpo, estética e comportamento.
Nesse contexto, o grupo surge como mais
uma referência positiva de mulheres negras lutando contra o preconceito usando
o Rap como instrumento de luta, resistência e afirmação de identidade.
Por: David José