Secretaria Nacional de Juventude - SNJ
Alyne “Sakura” Cristina da Lima Souza, 24 anos
“A minha realidade é igual a de qualquer jovem que se descobre pro
movimento cultural.
Não só pro movimento cultural, como também pro
movimento político. E a gente acaba criando na gente tipo uma ferida,
sabe? Que vai juntando revolta, primeiro, porque o feijão tá caro,
depois porque meu primo morreu de uma bala perdida, outra porque um
amigo meu se envolveu com drogas e
mataram ele também.
E outra coisa são as políticas públicas, que não
existem. Ou seja, quer queira, quer não, o jovem é revoltado, porque ele
começa a enxergar as coisas e não se tem direção pra onde ir. [...] A
gente tem um espaço que há cinco anos leva informação, formação,
cultura, arte e cidadania. A gente trabalha por amor e com amor.
Sem
nenhum incentivo do governo, sem nenhum incentivo de político algum. Faz
o negócio na crua mesmo. Não tem esse negócio de fazer anestesia não,
não é nem com bisturi, é com peixeira. É difícil, é complicado. A gente
deu uma desmobilizada depois que o prefeito alugou essas casas aí, e
nos rodeou com pessoas viciadas, que moravam nas ruas, ali na Praça dos
Martilhos. E eles jogaram, sem assistência alguma. E o que acontece?
O
bairro já tinha dado uma diminuída no tráfico. Mas como veio mais
usuários, o que aconteceu? A demanda aumentou. E nos ilhou. Porque o pai
da menina lá, não vai deixar ela vir pra cá, porque o pessoal da vila
ao lado fez um assalto e correram pra cá. E tem um pessoal correndo com
uma arma na mão. Ou seja, deu uma desestabilizada enorme.
E essa
história, esse programa da Juventude Viva, eu realmente estou começando
acreditar que que vai dar certo. [...] Porque é muito balela, muita
coisa bonita sendo dita com palavras difíceis, quando na verdade a
palavra correta é a que a gente entende.